Flagrante fotográfico que levou pai à prisão no PR indica importância de participação da sociedade na proteção das crianças: 'Todos temos o dever'
Pai é preso em flagrante após ser visto tocando a filha em evento público
O flagrante fotográfico feito por uma testemunha que estranhou a maneira que o pai tocava a própria filha trouxe à tona o debate sobre a importância da população proteger crianças, mesmo sem conhecê-las. É o que avalia Ana Claudia Cifali, coordenadora jurídica do Instituto Alana, organização sem fins lucrativos que atua na defesa dos direitos de crianças e adolescentes.
“Essa pessoa não fez nada mais do que cumprir com a lei. Todos nós temos o dever de cuidar das crianças e adolescentes”, disse.
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O caso aconteceu em Cascavel, no oeste do Paraná, durante um evento público realizado em 6 e novembro.
O suspeito, um homem de 38 anos, foi preso de forma preventiva por estupro de vulnerável contra a filha, de 8 anos. O g1 teve acesso à imagem que mostra o pai com as mãos posicionadas próximas às partes íntimas da menina, mas optou por não divulgá-la. Como a denúncia envolve uma criança, o nome do pai não será divulgado para não expor a vítima.
A foto foi enviada, de maneira anônima, ao Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes (Nucria).
“Terceiros flagraram a cena, filmaram e denunciaram à delegacia. Com essas informações, a equipe identificou rapidamente a vítima e o autor”, afirmou a delegada Thaís Regina Zanata, do Nucria.
Para a especialista Ana Claudia Cifali, a atitude da testemunha foi essencial. Ela reforça que a Constituição Federal, no artigo 227, determina que a proteção à infância é uma responsabilidade compartilhada entre o Estado, a família e a sociedade.
“É muito importante que as pessoas saibam que todas têm esse dever legal de proteger e denunciar. Sem a intervenção de pessoas externas, muitos casos nunca vêm à tona”, afirmou Cifali.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estabelece que é dever de todos prevenir qualquer forma de ameaça ou violação dos direitos de crianças e adolescentes. Qualquer pessoa que presencie ou tenha conhecimento de violência deve comunicar o caso imediatamente ao Conselho Tutelar, à autoridade policial ou ao serviço de denúncias, que informará o Ministério Público (MP).
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Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estabelece que é dever de todos prevenir qualquer forma de ameaça ou violação dos direitos de crianças.
Elza Fiuza/Arquivo Agência Brasil
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O Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2025 aponta que 61% das vítimas de estupro no Brasil em 2024 eram crianças com até 13 anos — um total de 51.677 vítimas.
A faixa entre 10 e 13 anos concentra 42% dos casos, seguida pelas idades de 5 a 9 anos (23%) e 0 a 4 anos (13%).
Mesmo diante desses números, uma pesquisa nacional sobre atitudes e percepções da violência contra crianças e adolescentes, da Fundação José Luiz Egydio Setúbal, mostra que 47% dos entrevistados afirmaram que não fariam nada se presenciassem uma agressão.
“Isso é muito preocupante. Mostra que ainda há uma percepção de que a responsabilidade é apenas da família. Precisamos romper com esse pacto de silêncio e agir”, reforça Cifali.
Ela lembra que escolas, vizinhos e pessoas próximas exercem um papel fundamental na proteção.
“Muitas vezes, a criança só se sente segura para relatar um caso de abuso depois de uma conversa com alguém de fora, como um professor ou um profissional de uma ONG”, explicou.
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